quinta-feira, 14 de julho de 2011

Trabalho sobre navio negreiro é destaque na área de humanas


Por Mariana Nântua

O tráfico de escravos e o julgamento que os escravistas recebiam em Pernambuco virou temática de pesquisa. A estudante de História da UFPE, Aline Albuquerque, apresentou, nesta quarta-feira (13), seu projeto na 15ª Jornada Científica da Facepe. Intitulado “A repressão ao tráfico de escravos em Pernambuco”, o trabalho analisa a forma como eram julgados os traficantes antes da Lei Áurea.

O estudo, idéia de seu orientador Marcus de Carvalho, focou na utilização do navio Nova Granada que transportava mercadorias, como farinha e arroz, de Santos à Pernambuco. Ele foi apreendido em novembro de 1844 por oficiais ingleses. Apesar de não conter nenhum escravo, a Lei do Equipamento permitia que a embarcação fosse apreendida se ela parecesse ser um navio negreiro. Albuquerque ressalva que, apesar desta ser uma lei vigente para a Inglaterra, o Brasil não a aceitava.

O caso foi julgado por dois juízes, um brasileiro e um inglês, que discordavam da sentença. Os ingleses queriam que o navio fosse retido e os brasileiros não concordavam, já que a Lei do Equipamento não era válida em seu território. Aline Albuquerque afirma que a Inglaterra se retirou por não querer um “sorteio de árbitros”, onde quem fosse selecionado julgaria o processo. Não foi instituída uma sentença e o escravista Ângelo Francisco Carneiro, dono do navio, não foi julgado.

O Nova Granada, que transportava escravos extra-oficialmente, foi a última embarcação a ser julgada pela Comissão Mista Brasileira e Inglesa. Logo depois, foi instituída a Bill Aberdeen, cuja sentença era dita por apenas um país.

Quando questionada sobre a importância de seu trabalho, Aline Albuquerque ressaltou “ser essencial ter conhecimento de como os julgamentos eram feitos no Brasil” Ela destaca a necessidade da formação de um banco de dados com informações sobre estes processos e seus réus.

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