quinta-feira, 14 de julho de 2011

Estudo questiona construção da Via Mangue


Por Pedro Monteiro

“A gente é que nem caranguejo, se colocar no asfalto, a gente morre”. A frase foi ouvida pela estudante Danuza Morais, durante uma série de entrevistas com moradores da comunidade do Bacardi, conjunto de palafitas no bairro do Pina. A aluna do curso de Geografia da UFPE pesquisou a forma como a Via Mangue e as transformações urbanas naquela área afetam a população local, que será realocada para dar lugar ao novo sistema viário. Seu trabalho foi apresentado, nesta quarta-feira (13), na 15ª Jornada de Iniciação Científica da FACEPE.

Morais afirma que o projeto de modernização na área de estuário do Rio Capibaribe precisa ser pensado de outra forma. “Há um medo de perda de território por parte dos moradores”, explica. Segundo ela, grande parte dos habitantes de palafitas da comunidade do Bacardi desenvolveu uma relação de identidade com o local, como é o caso dos pescadores, que vivem do mangue.

A estudante acredita que a modernização do bairro do Pina esconde processos de exclusão, um fenômeno antigo na cidade. “Os mocambos (denominação que se referia a barracos) construídos em áreas de mangue representavam a moradia de 50% da população recifense em 1913 e foram destruídos com a criação da Liga Social Contra os Mocambos, durante o governo de Agamenom Magalhães”, conta.

Apesar da Via Mangue ainda estar em construção, Danuza Morais acredita que o projeto é um arcabouço teórico para futuras discussões sobre as transformações urbanas no Pina. “A pesquisa é importante para mostrar os anseios e preocupações da população da comunidade com a modernização da região”, analisa.

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