quinta-feira, 14 de julho de 2011

Estudante mapeia a violência na Região Metropolitana do Recife


Por Mariana Nântua

Pernambuco, principalmente Recife e arredores, são conhecidos como lugares violentos. Tendo isso em mente, a estudante Julie Hanna de Souza pesquisou sobre criminalidade na Região Metropolitana do Recife (RMR) e criou um atlas da distribuição destes crimes. O projeto foi apresentado nesta quinta-feira (14) na 15ª Jornada Científica da FACEPE.

Para realizar esta pesquisa, a estudante levou em conta os crimes de homicídio, latrocínio e lesões corporais seguidas de morte, ocorridos nos anos de 2004 a 2010. Estes dados foram comparados com os aspectos socioeconômicos do local para gerar os resultados. As descobertas foram diferentes quando se fez a comparação entre homem e mulher.

“Enquanto as mulheres têm mais chances de morrerem no latrocínio, que é roubo seguido de morte, os homens são as maiores vítimas no geral”, afirma Julie Hanna de Souza.

Ela ressalta ainda que, apesar de não possuir inicialmente um recorte de gênero, os achados foram significativos no que diz respeito à violência a mulher. “Existe uma maior chance de morte por armas brancas e na residência e arredores. A gente pode inferir que isso parte da violência doméstica”, esclarece a estudante.

Também de acordo com a pesquisa, Recife foi considerada a cidade mais violenta da RMR. Entretanto, os três primeiros bairros em criminalidade são de Jaboatão dos Guararapes. “Curiosamente, Piedade, Ibura e Prazeres são os mais violentos bairros, apesar de não fazerem parte da cidade mais violenta”, diz Julie Hanna da Silva.

“Apesar de não ser meu tema inicial, eu acabei me interessando bastante pela área”, afirma a estudante de Sociologia da UFPE. Ela ainda declara que é importante instituir políticas públicas para conter os crimes. “No ano do desarmamento, por exemplo, a violência diminuiu consideravelmente”, afirma ela.

Um comentário:

  1. Mariana, só para corrigir algumas informações que talvez tenham sido mal interpretadas. Na verdade, as mulheres não tem mais chance de serem atingidas por latrocínio, mas em termos percentuais do número total de mulheres que morreram por criminalidade violenta em comparação ao número total de homens, as mulheres proporcionalmente morreram mais( aprox. 3%) por latrocínio que os homens( aprox. 1,5%). A mesma lógica em relação ao tipo de arma. As mulheres, em termos relativos do número total de mulheres que foram atingidas por CVLIs, apresentaram um maior percentual de armas brancas e outros objetos que os homens, na mesma situação. Estes números ficaram em torno, respectivamente, dos 20% e 10% ou 9%.

    Não é que haja "maior chance" de se morrer por determinada arma ou por determinada categoria criminal violenta, mas que os números apresentados demonstraram determinada dinâmica que pode ou não se manter. O que eu estou querendo dizer no fim das contas é que os dados que apresentei trazem tendências, não chances, coisas que penso completamente diferentes. Até mesmo porque, como bem assinalei, esses índices trazem velados aspectos que tornam essa violência características de determinados grupos sociais. De maneira e hipótese alguma, o Atlas tem como objetivo criar índices fantasias de risco para a população de maneira geral.

    Por fim, a questão do desarmamento. Ele não acontece de maneira rápida, logo sendo impossível que necessariamente em um ano uma determinada política influencie demais os números que trabalho. O incentivo ao desarmamento é um esforço que perdura por algum tempo até que tenha resultado nos números absolutos de criminalidade violenta. (Lembra que mostrei o gráfico de declínio da utilização de armas?)

    No mais, muito obrigada por ter divulgado meu trabalho. Tenho certeza que ele vai trazer muitos benefícios para todos nós. Beijos!

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